23 de julho de 2015

A Hora do Brasil

1935 - Inspirado em Joseph Goebbels, o ministro da propaganda nazista, o presidente Getúlio Vargas cria o programa A Hora do Brasil, transmitido obrigatoriamente para todo o país. Mais tarde, o nome mudou para A Voz do Brasil.
O rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, à distancia e sem fios, da fala  do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2.
Com Getúlio Vargas no poder, em 27 de maio de 1931, foi publicado o decreto 20.047, que revogava o Regulamento de 1923 e adotava integralmente o modelo de radiodifusão norte-americano. Pontos principais eram a concessão de canais a particulares e a legalização da propaganda comercial. O decreto saiu no “Diário Oficial”, onde também, em outra data próxima, o Departamento de Correios e Telégrafos foi autorizado a cobrar uma taxa a todo possuidor de um receptor. Entretanto, o órgão jamais conseguiu aplicar a autorização. O Regulamento de Maio de 1931 – que se diga era detalhado - andou de gavetas em gavetas ministeriais e somente em 1º março de 1932 foi finalmente aprovado, pelo decreto 21.111, o primeiro diploma legal que definiu importante alteração.
Dizia textualmente: “O governo da União promoverá a unificação de serviços de radiodifusão no sentido de construir uma rede nacional que atenda aos objetivos de tais serviços e que a orientação educacional das estações da rede nacional de radiodifusão caberá ao Ministério da Educação e Saúde Pública e sua fiscalização técnica competirá ao Ministério da Viação e Obras Públicas”. O decreto declara expressamente que o Governo Federal concederia freqüências de rádio a sociedades civis nacionais.
Primeiros projetos de um Código Brasileiro de Radiodifusão
O Poder Executivo ficou praticamente ausente do crescimento vertiginoso do rádio. Mas, em setembro de 1934, com a outorga de uma nova Constituição, concluída sob forte influência do governo revolucionário, Getúlio Vargas foi novamente empossado como presidente da República e instituiu o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que impunha controle de conteúdo nas transmissões. O DIP era diretamente vinculado ao presidente.
Em 10 de novembro de 1937, em plena campanha para eleição do paulista Armando Sales de Oliveira e do paraibano José Américo de Almeida, seu candidato e ministro, Vargas surpreendeu o país com uma nova Carta Política, dissolvendo o Congresso e implantando o Estado Novo. Estavam começando no Brasil as vendas de receptores de ondas curtas que, no exterior, se tornaram o veículo da propaganda ideológica e cultural. Em 1932, explodiu em São Paulo a Revolução Constitucionalista e o rádio foi o grande veículo de integração da sociedade. Adolf Hitler assumira o poder na Alemanha destroçada e, com Goebbels, ministro da propaganda, dominou o rádio, fundamental para sua comunicação com os alemães e com o resto do mundo.
O ano de 1938 foi o divisor de águas: O Brasil parou para ouvir as transmissões dos jogos da Copa do Mundo, sediada na França, e se rendeu ao jornalismo radiofônico que informava sobre os temores de guerra na Europa. Códigos e normas legais para radiodifusão brasileira foram adiados. A 3 de setembro de 1939, os motomecanizados do já poderoso exército alemão partiram da Áustria, então incorporada ao Reich, e horas depois cercavam Varsóvia, a capital da Polônia. Começara a Segunda Guerra Mundial com Inglaterra e França enfrentando a expansão alemã. No Brasil, Vargas agia com sua inegável capacidade política, deixando transparecer simpatia pelos nazistas, enquanto seu chanceler Oswaldo Aranha trabalhava pelo bom relacionamento com a Inglaterra e os Estados Unidos.
As ondas curtas traziam todos os dias, às 21 horas, pela BBC, o histórico programa de “Aimberê”, o brasileiro Manuel Braune que, mais tarde, comandou a implantação da TV em Pernambuco, a convite de Assis Chateaubriand.  Em dezembro de 1941, aliando-se à Alemanha, o Japão atacou a base aérea de Pearl Harbor nos Estados Unidos. Roosevelt declarou guerra no Pacífico. Meses depois, navios de passageiros brasileiros foram afundados nas costas do Nordeste. Em 1942, o Brasil declarou guerra ao chamado Eixo, enviou pilotos da Força Aérea e Força Expedicionária para os campos de batalha europeus. Em 8 de maio de 1945, os nazistas se renderam. A guerra continuou no Pacífico. Vargas, habilmente, lançou a candidatura de seu Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, eleito presidente pelo Partido Social Democrático (PSD), em coligação com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com o apoio de empresários.

Fonte: http://www.abert.org.br/web/index.php/quemsomos/historia-do-radio-no-brasil

Nenhum comentário: